segunda-feira, 12 de julho de 2010

Nossos guerreiros também choram.

Lá estavam eles, todos eles, todos os nossos filhos. Filhos meus e filhos teus, filhos esses que criamos uns pelas escolinhas e seus professores e outros pelos campinhos de terra meio à eterna guerra de mocinhos e bandidos. Mas agora nada mais importa. Pois lá estavam eles, juntos, vestindo as cores da nossa pátria amada mãe gentil.
Nos olhos de nossos meninos demonstram o medo de estar fora de casa representando o João, o Renato, a Maria e outros cento e noventa milhões de guerreiros que não puderam estar lá dando o seu apoio. Em suas cabeças desce o frio suor enquanto a orquestra toca o ritmo de nossa canção favorita e o braço direito sobe ao peito junto ao orgulho de todos os corações patriotas.
Após todas as apresentações formais, finalmente é dado o apito inicial para que comece a verdadeira batalha. Todos pelo mesmo objetivo. Em meio a multidão, que compartilha a mesma agonia, se pode observar no rosto do mais bravo gigante o rápido segundo de pavor e medo de perder e também na mais amedrontada e pessimista mente saborear o gosto psicológico da vitória.
São exatos noventa minutos de orações vindas de todos os cantos a todos os deuses. Dois países literalmente parados, onde em ruas que antes se observava o caos, agora reina a mais completa paz e silêncio que depois de alguns poucos minutos é quebrado pelo carnaval de comemorações. Do leste a oeste, do norte ao sul todos festejam, vitória alguns gritam enquanto do outro lado do mundo, no peito do continente da mãe África um simples homem demonstra um poder quase que divino de anular a alegria de todo um país. Agora o Diabo tem nome e endereço fixo na terra.
Por duas vezes nosso país chora, e após uma dura e cansativa batalha, o amargo fel da derrota é experimentado na garganta de todos os membros de uma família, mesmo aqueles que ainda não entendem o próprio significado desta guerra podem diferenciar o sorriso do rosto do pai se transformar em lágrimas inconsoláveis. No mesmo dia, é dado início a uma investigação para encontrar o culpado de tal derrota, uns dizem que é ele e outros dizem que é aquele mas sempre vão existir as suspeitas. De volta para casa, a frase "O Brasil inteiro está aqui dentro!" nunca fez tanto sentido.
Na mente de nossos guerreiros a dúvida de "Se eu tivesse feito um pouco mais..." ou "Se eu fosse um pouco menos...". Agora não adianta mais. Cada um deles, agora sozinhos em seus quartos, deitam suas cabeças sob os travesseiros confortáveis. Antes de dormir agradecem a Deus pela oportunidade da batalha e no último segundo prontos para cair aos braços consolativos da noite, uma simplória ponta de sorriso deixa transparecer uma frase de esperança. "Comemorar em casa será muito melhor."

Douglas Valério
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