terça-feira, 26 de abril de 2011

Minha rede social

Minha vida social começou quando minha mãe e meu pai se conheceram e se socializaram. Logo depois veio minha irmã, eu e e meu irmão caçula. Não perguntamos se era a hora certa nem nada, fomos criando perfis que só tinha um campo para preencher, o campo do amor. Eles eram que eu nunca quis se socializavam de mais e nunca sobrava espaço pra mim. Mas foi bom, por que agora eu tinha um rumo, eu tinha seguidores e também tinha a quem seguir.

Sempre tive nos favoritos a família, toda as horas eles nos mandam informações importantes para não me socializar com vírus e perfis duvidosos. Além de meus pais, meus tios criaram em mim, comunidades que me deram os atributos da força para as dificuldades da terra e da fé para os dias que a escuridão parece ser maior.

Se socializar é tudo isso, algumas horas você vai querer deletar o mundo para ter um espaço só pra você, mas sabe que sem amigos para atualizar as news, não vale a pena ter um perfil.

Seguindo meu próprio caminho, na escola, aumentei meu número de amigos, logo no ensino médio comecei a fase de seguidor da mulherada. Na faculdade tínhamos os seguidores da cerveja e nessas horas meu status de relacionamento variava de sério para solteiro.

E se tudo isso não fosse suficiente, veio o mundo corporativo. Nele entendi que me socializar de mais não é bom e me socializar de menos é anti-social. O chefe é o cara que ta sempre de olho em nosso perfil e não deixa passar nada. Na empresa, inclusive, atualizar o perfil na hora do trabalho é motivo de demissão!

Depois de dividir a vida na rede social família, amigos e trabalho, todos os dias quando faço o meu login, respondo a pergunta na minha página principal – Em que está pensando agora? Depois de pensar um poiuco escrevo: Como é bom ter amigos!

Douglas ValériO
Redator Publicitário

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Tem gente achando que você é analfabeto, e você nem desconfia.


Semana passada, eu recebi um convite para fazer um anúncio para você. Na verdade, nós: eu (meu nome é Ruy) e o diretor de arte Javier Talavera, também da W/Brasil. Aí, colocamos os pés em cima da mesa, pois é assim que se faz nas agências depropaganda quando é preciso pensar num assunto muito importante. O tema era livre, poderíamos anunciar qualquer coisa que quiséssemos, já que o espaço tinha sido cedido pelo jornal Valor Econômico para estimular a criatividade no mercado publicitário.

Nós nem tínhamos começado o trabalho, e uma coisa já parecia resolvida: bastavam um título intrigante, um visual interessante, duas linhas de texto, e o anúncio estaria pronto. Pois é exatamente isso que algumas pessoas imaginam que você espera de um anúncio. E essas pessoas são as mesmas que têm falado algumas coisas bem desagradáveis sobre você nas salas de reunião. Eu tenho escutado que você não gosta muito de ler, que tem preguiça com textos longos, que jamais perderia seu tempo lendo propaganda.

Por incrível que pareça, quem tem falado isso é gente bem-intencionada, são gerentes de marketing, donos de empresas, pessoas que garantem que conhecem você como ninguém, que fizeram pesquisas, falaram com seus amigos, conhecem sua mulher, seus hábitos em detalhes. São profissionais sérios, gente que decide propaganda, o que você vai ver num anúncio, o que vai ler e também o que não vai ler. Eu confesso que, nessas ocasiões, tenho discutido muito, insistido em dizer que, além de ler jornal todos os dias, você também gosta de ler notícias do produto que vai comprar.

Embora eu não tenha instituto de pesquisa, não conheça você pessoalmente, não saiba sua idade, nem mesmo se você é homem ou mulher, de uma coisa eu tenho certeza: você é uma pessoa sensível, interessante e, principalmente, alfabetizada. Tenho garantido aos clientes que você aprecia o humor, gosta e precisa de informação, adora ler e é justamente por isso que assina ou compra jornal. Tenho lutado para que os anúncios não saiam das salas de reunião frios, burocráticos, chatos, sem graça nem emoção. Agora, confesso que várias vezes tenho sido derrotado nessas discussões, levando como lição de casa a tarefa de diminuir o texto para 2 ou 3 linhas e aumentar o logotipo do cliente em 4 ou 5 vezes.

Por isso, o Javier e eu decidimos não fazer um anúncio nesta página vendendo alguma coisa, mas resolvemos aproveitar este espaço para contar tudo isso para você, para mostrar o que andam falando e pensando de você. E não existe espaço melhor para isso do que as páginas de um jornal. Por isso, se você leu esse anúncio até aqui, para nós pe uma grande vitória. Temos certeza que, se tivéssemos falando de um produto interessante para uma pessoa interessada como você, ele teria sido lido mesmo que o texto fosse tão longo como este. Por isso, obrigado por você ter confirmado que nós estávamos certos. E, se você quiser aproveitar a oportunidade para reforçar seu ponto de vista, mande um e-mail para a gente, pois, na próxima vez que um cliente falar que você não lê, nós vamos mostrar para ele o seu depoimento. Vamos provar que tem gente inteligente lendo anúncios, sim, senhor, gente que gosta de ouvir uma boa argumentação, gente que adora dar risada diante de um anúncio divertido, gente que quer se emocionar, gente que, antes de ser Classe B 1, do sexo masculino, com rendimento de 10 salários e idade entre 25 e 55 anos, é gente. Gente que não quer ser tratada como analfabeta nem desligada só porque o mundo está cada vez mais rápido, mais visual e mais instantâneo. Mande seu e-mail. Talvez assim nós tenhamos anúncios melhores e consumidores mais bem informados. Como você, por exemplo.

Este anúncio foi uma iniciativa do Jornal Valor Econômico e do Clube de Criação de São Paulo
Criação: Ruy Lindenberg e Javier Talavera – W/Brasil

domingo, 3 de abril de 2011

Pode ser

Nos embalos psicodélicos do house music aproveitei minha noite de sábado para curtir uma calourada universitária, acompanhado de um amigo. Realmente estava precisando conhecer novos ambientes. Recentemente estive preso em uma espécie de transe particular que me limitava a viver apenas em um mundo de casa, trabalho e faculdade.

Enquanto estive me arrumando para sair, percebi quanto tempo fazia que não sentia aquela sensação gostosa de liberdade inconsequente. Uma doce sensação que cada adolescente carrega dentro de si acreditando na certeza da pseudo imortalidade.

Não sei dizer ao certo o que me levou a ficar tanto tempo encarcerado em casa. Acredito que tenha sido a famosa doença que atinge à uma grande parcela da população, o famoso comodismo. O principal inimigo da inovação e da criatividade. Ele age na mente como se fosse uma droga, quando menos se percebe, já está preso e fica difícil de se libertar.

Finalmente depois de longos finais de semana fazendo as mesmas coisas, fiquei um tanto eufórico quando cheguei à porta de entrada da festa. Quando fui ser revistado e tive que mostrar minha carteira de identidade, senti-me como um jovem de 18 anos, o que fez muito bem a meu ego.

Uma calourada geralmente vem acompanhada de todos os atributos que um universitário merece. Como se tratava de uma festa do curso de medicina da universidade PUC, já era esperado que seria algo de classe, começando pelo open bar muito bem organizado, diga-se de passagem.

O que me pareceu estranho é que ao tentar conversar com outras pessoas, já que estava em uma festa, as mesmas não se dispunham a querer interagir. Parecia que eu era um corpo estranho dentro de um organismo que luta insistentemente para me expulsar. Quanto mais tentava me adaptar ao ambiente, mais as pessoas me afastavam. No meio das meninas parecia ser a última tendência das passarelas desfilar com suas amigas de mãos dadas sem olhar ao menos para o lado. E se alguém tentar sequer saber seu nome, já é motivo o suficiente para receber a ostensiva de todo o bando.

Não sei dizer ao certo se o fato de cursar publicidade fez com que minha vontade de interagir tenha aumentado, mas posso dizer com certeza que isso tem me feito muito bem. Após assistir um vídeo do polêmico Felipe Neto no canal interativo youtube, passando a mensagem de que a vida pode ser melhor se mudarmos nossos hábitos, comecei a repensar alguns atos que estavam ocorrendo em minha vida. Comecei a me comunicar mais, experimentar lugares diferentes, conhecer pessoas novas que antes temia me aproximar por puro medo de decepcionar-me. Passei a perceber que um simples ato contraditório eu poderia mudar todo o curso de uma história.

Depois de algumas horas de música decidi beber um energético mas não tinha conhecimento de onde ao certo era o ponto de venda. Decidido em buscar a bebida, percebi que nas mãos de uma menina que dançava no meio da pista, estava o meu objetivo. Quando fui perguntar onde havia comprado, uma mão puxou meu ombro com tanta força que pensei ter perdido a noção de onde estava. Para minha surpresa, era seu namorado furioso. No momento ele já veio com toda brutalidade perguntando o que queria com sua companheira. Felizmente, tudo se resolveu após explicar quais eram minhas verdadeiras intenções.

O que me chamou mais a atenção no ocorrido fato, foi como hoje em dia as pessoas reagem ao extremo com atos tão simples do cotidiano. E estas ações fazem que o ser humano se limite apenas conhecer pessoas que já fazem parte de seu círculo de amizade. Entendo que o que é de nosso domínio, tem que se resguardar mas por que não esperar para o que vai acontecer? Pode ser que nos surpreendamos.

O ser humano em geral deveria repensar algumas noções básicas de comportamento. Estive preso tanto tempo em meu próprio universo particular que ao sair, percebi o quanto ele poderia ser maior. O mundo anda tão sombrio com tantos desastres que deveríamos dar uma chance para a paz. Conhecer outras pessoas sem medo de represália, ir em lugares diferentes sem pré conceito e por fim, reinventar a vida para que possamos nos surpreender sempre. Afinal, a vida pode ser melhor se você deixar.

Douglas Valério

Redator Publicitário