domingo, 3 de abril de 2011

Pode ser

Nos embalos psicodélicos do house music aproveitei minha noite de sábado para curtir uma calourada universitária, acompanhado de um amigo. Realmente estava precisando conhecer novos ambientes. Recentemente estive preso em uma espécie de transe particular que me limitava a viver apenas em um mundo de casa, trabalho e faculdade.

Enquanto estive me arrumando para sair, percebi quanto tempo fazia que não sentia aquela sensação gostosa de liberdade inconsequente. Uma doce sensação que cada adolescente carrega dentro de si acreditando na certeza da pseudo imortalidade.

Não sei dizer ao certo o que me levou a ficar tanto tempo encarcerado em casa. Acredito que tenha sido a famosa doença que atinge à uma grande parcela da população, o famoso comodismo. O principal inimigo da inovação e da criatividade. Ele age na mente como se fosse uma droga, quando menos se percebe, já está preso e fica difícil de se libertar.

Finalmente depois de longos finais de semana fazendo as mesmas coisas, fiquei um tanto eufórico quando cheguei à porta de entrada da festa. Quando fui ser revistado e tive que mostrar minha carteira de identidade, senti-me como um jovem de 18 anos, o que fez muito bem a meu ego.

Uma calourada geralmente vem acompanhada de todos os atributos que um universitário merece. Como se tratava de uma festa do curso de medicina da universidade PUC, já era esperado que seria algo de classe, começando pelo open bar muito bem organizado, diga-se de passagem.

O que me pareceu estranho é que ao tentar conversar com outras pessoas, já que estava em uma festa, as mesmas não se dispunham a querer interagir. Parecia que eu era um corpo estranho dentro de um organismo que luta insistentemente para me expulsar. Quanto mais tentava me adaptar ao ambiente, mais as pessoas me afastavam. No meio das meninas parecia ser a última tendência das passarelas desfilar com suas amigas de mãos dadas sem olhar ao menos para o lado. E se alguém tentar sequer saber seu nome, já é motivo o suficiente para receber a ostensiva de todo o bando.

Não sei dizer ao certo se o fato de cursar publicidade fez com que minha vontade de interagir tenha aumentado, mas posso dizer com certeza que isso tem me feito muito bem. Após assistir um vídeo do polêmico Felipe Neto no canal interativo youtube, passando a mensagem de que a vida pode ser melhor se mudarmos nossos hábitos, comecei a repensar alguns atos que estavam ocorrendo em minha vida. Comecei a me comunicar mais, experimentar lugares diferentes, conhecer pessoas novas que antes temia me aproximar por puro medo de decepcionar-me. Passei a perceber que um simples ato contraditório eu poderia mudar todo o curso de uma história.

Depois de algumas horas de música decidi beber um energético mas não tinha conhecimento de onde ao certo era o ponto de venda. Decidido em buscar a bebida, percebi que nas mãos de uma menina que dançava no meio da pista, estava o meu objetivo. Quando fui perguntar onde havia comprado, uma mão puxou meu ombro com tanta força que pensei ter perdido a noção de onde estava. Para minha surpresa, era seu namorado furioso. No momento ele já veio com toda brutalidade perguntando o que queria com sua companheira. Felizmente, tudo se resolveu após explicar quais eram minhas verdadeiras intenções.

O que me chamou mais a atenção no ocorrido fato, foi como hoje em dia as pessoas reagem ao extremo com atos tão simples do cotidiano. E estas ações fazem que o ser humano se limite apenas conhecer pessoas que já fazem parte de seu círculo de amizade. Entendo que o que é de nosso domínio, tem que se resguardar mas por que não esperar para o que vai acontecer? Pode ser que nos surpreendamos.

O ser humano em geral deveria repensar algumas noções básicas de comportamento. Estive preso tanto tempo em meu próprio universo particular que ao sair, percebi o quanto ele poderia ser maior. O mundo anda tão sombrio com tantos desastres que deveríamos dar uma chance para a paz. Conhecer outras pessoas sem medo de represália, ir em lugares diferentes sem pré conceito e por fim, reinventar a vida para que possamos nos surpreender sempre. Afinal, a vida pode ser melhor se você deixar.

Douglas Valério

Redator Publicitário

Um comentário:

  1. Ae cara legal o texto...gostei. Talvez por tr me identificado com a situação...
    Abraço ae e aproveitemos o dia

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