terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sopa de Letrinhas

Vivemos tempos nos quais a notícia de um assalto não nos impressiona. Não irei entrar na velha discussão de ausência de governo. Pelas praças, avenidas e por toda a cidade já existe muito PT e PSDB espalhados nos folhetos esquecidos para o trabalho exaustivo dos lixeiros. Sem falar nos carros de som com suas caixas no último volume clamando os nomes de seus respectivos lideres e transformando o trânsito um lugar caótico. Realmente toda essa história de promete daqui e promete de lá já me encheu bastante o saco no primeiro turno.

Vejo estampado em jornais e nas primeiras notícias da televisão garotos ou mesmo crianças que por falta de instruções de um tutor encontram como mentores os ensinamentos das ruas. Membros excluídos de uma sociedade auto destrutiva que escolhem como alternativa a iniquidade sem nenhuma chance de experimentar o verdadeiro sabor de liberdade social. Educação não só no Brasil, mas no mundo todo é algo que todos adquirimos.

Em nosso país, todos os dias, mandamos vários criminosos a cadeia onde os mesmos acomunados a outros delinqüentes aprendem e desenvolvem novas técnicas de assaltos e devido aos maus tratos saem mais perigosos do que entraram. Em que devemos acreditar? Que estamos formando homens preparados a voltar para sociedade ou que temos bem em frente a nosso grande nariz uma faculdade do crime. Como eu disse, volto a repetir, educação é algo que todos adquirimos.

A educação, é a única herança que temos que nem mesmo o tempo pode pode apagar. Me lembro quando ainda criança me sentava aos pés de meu pai enquanto ele assistia as notícias do Jornal Nacional e das poucas vezes em que retrucava com a televisão dizendo que a única solução deste país estava na educação. Realmente harmonizo com sua opinião, um ser humano sem instruções se torna um animal sedento por suas necessidades, sejam elas quais forem.

Consigo ver um futuro próspero a nosso país dentro de uns dez anos. É realmente de coração é que digo isso, mas para que isso aconteça, temos que seguir o conselho de meu pai. Temos que acreditar na educação, pensar duas vezes antes de largar o livro e ir se divertir jogando a pelada com os amigos. Nada contra o futebol, só acho que tudo tem sua hora. Vamos dar valor a nossos escritores e passar a consumir suas obras. Se você chegou a terminar de ler este texto, já foi meio caminho andado para um futuro melhor desta pátria amada mãe gentil, ignorante, mas gentil.

Douglas Valério
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sábado, 23 de outubro de 2010

Garota de aluguel

O mundo fora de minhas janelas finge estar parado. Quase não escuto o vai e vem dos carros do oitavo andar do apartamento. Meus olhos sonolentos aparentemente ganham vida e levemente se fecham frente ao filme de sábado a noite. Já são quase três da manhã e meu telefone aguarda aflito uma ligação desconhecida. Antes mesmo que perceba, já me deixo levar pelo cansaço e me entrego ao sono profundo. Enquanto estou sonhando, pareço estar livre finalmente de todo mal ou pecado que possa acumular em minha carne, mas antes que termine de sonhar me desperto com o som exorbitante de meu celular tocando em cima da mesinha ao lado da cama. Por um segundo pigarreio e tento disfarçar a voz sonolenta, atendo e fingindo que estava acordada, mas antes que perceba, me desperto para mais um pesadelo.
Me levanto apressada da cama, tenho pouco tempo, porem tempo o suficiente para que possa tomar um banho e fantasiar uma cara melhor. Me visto rapidamente enquanto peço um taxi e termino de me maquiar.
A caminho de meu destino, observo através da janela do carro e tento não dormir. Pego o celular e busco me entreter com alguns jogos sem graça, porem é inútil, acabo ficando com mais sono. Antes que perceba, o taxista para o carro me indicando que já havíamos chegado ao destino final. Entrego o dinheiro da corrida e peço gentilmente ao senhor que fique com o troco. Toco a campainha algumas vezes. A ideia de que não tem ninguém em casa me passa pela cabeça quando finalmente uma voz atende o interfone pedindo para que suba. Entro no elevador e minha consciência narcisista me pede para que retoque a maquiagem e ajeite o cabelo novamente.
Ao chegar, um senhor de meia idade, bem conservado comparado a outros de sua idade abre a porta com um sorriso galanteador. Sua casa é bonita, carrega um toque feminino nas cortinas e na organização geral. Com certeza é casado. Antes que comece, recebo adiantado o dinheiro. O senhor meio constrangido tira rapidamente o valor combinado da carteira e deixa algo a mais como cortesia. Parece estar nervoso, pergunto a ele. Um pouco sem graça, não me contesta e pede para que me sente a mesa e o acompanhe em um copo de wisk. Enquanto bebemos, tenta alguns elogios e se levanta para colocar uma música lenta no som da sala, o que me deixa com mais sono.
Depois da bebida, vamos em direção a seu quarto. Andando pelo corredor, alguns quadros pintados a mão de pessoas que desconheço. Sua casa tem um cheiro bem agradável, o que me confirma a ideia de que ele realmente é casado, mas até o momento não tinha fixado meus olhos em seus dedos a procura do anel. Ele se senta na cama um pouco agitado e pede para que me sente ao seu lado. Vejo que tem um pouco de vergonha, pois não consegue olhar em meus olhos.
Enquanto trabalho, disfarço e observo o relógio. Uma hora demora muito mais quando não fazemos o que gostamos. Por mais que minhas caras e bocas mereçam um oscar como melhor atriz, fico me perguntando se Deus está ali presente naquele momento, por que se estiver, ele não vai me querer ao seu lado no paraíso, pois eu não iria querer. Beijos e abraços no final do serviço não fazem parte do pacote, mas mesmo assim, retribuo o carinho agradecendo a gorjeta no começo da noite. Ao terminar, ele me convida a tomar um banho, mas o filme sem graça que estava assistindo em meu apartamento me parece uma ideia melhor. Procuro meu celular dentro da bolsa e disco novamente ao taxista.
De volta para casa evito pensar no que aconteceu, simplesmente não penso. O banho quente de meu banheiro me da a sensação de limpar qualquer tipo de sujeira de meu corpo e de minha alma. Finalmente deitada em minha cama, ligo a televisão e espero o sono chegar para que me leve de novo a meu particular mundo de sonhos.

Douglas Valério
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

490 vezes fui perdoado

Da morte veio a vida e do nada tudo começou. Ele ao dar seu primeiro suspiro, criou a lama que deu início a todo o universo. Criou o homem e de apenas uma costela, criou também sua eterna companheira. Nos ensinou a andar, a falar, nos alimentou, nos deu regras e também nos deu deveres. E como um presente, nos abençoou com a liberdade de escolha.
Nascemos, crescemos nos multiplicamos e morremos para que assim possamos viver para a vida eterna. Então essas foram as regras básicas da criação. Porem a vida parte do princípio de que enquanto estamos respirando, estamos aprendendo. E durante este processo de aprendizagem podem vir a surgir dúvidas, ainda mais quando se trata de questões abstratas. As dúvidas nos guiam para vários caminhos, uns que podem ser corretos, como também, nos momentos de ignorância podemos acabar igualmente por optar para caminhos contrários.
Setenta vezes sete vezes ele pediu para que nos perdoássemos. Os que optassem por não escutar os conselhos do pai, se perderiam em sua trilha a caminho da terra prometida. Mesmo que ande pelos vales da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo.
Em toda nossa vasta cultura humana, o filho caçula que se negou as ordens diretas de seu pai, adquiriu durante o tempo, tantos nomes que nem o próprio tempo pode contar. Os que se guiam pelos becos imundos do submundo, que andam perambulando pelas ruas, sujos, descalços e famintos foram abraçados pelo anjo caído da criação. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus. E assim será.
Longe de casa, estamos propícios a passar todo tipo de inferno particular. As piores angustias, pesadelos e lamentações se tornam os cereais para o início de uma bela manhã. As lembranças nos devolvem os sentimentos perdidos nas areias do passado. Em meio a escuridão podemos nos recordar da luz e dela surgirá o caminho de volta. Então quando finalmente ele surgir, isso significara que conseguimos nos perdoar setenta vezes sete vezes.

Douglas Valério
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terça-feira, 5 de outubro de 2010

A arte de twittar

A necessidade de comunicação ou de se comunicar é algo que carregamos desde os primórdios. A partir do momento em que saímos do ventre de nossas mães, a partir deste momento já foi dado o primeiro sinal de comunicação com o mundo. Está em nosso sangue esta necessidade de repassar a informação.
A medida em que o tempo foi passando, evoluímos na arte, na música (ou não), na escrita. Livros foram criados, outros destruídos e entre mortos e feridos chegamos ao século XXI com a total liberdade de expressão da internet. Foi questão de tempo para começarem a chegar as tão famosas redes sociais. Desde sua criação em 2007 até no ano de 2010, em apenas 3 anos temos a mais famosa de todas, o passarinho azul do twitter.
Uma rede social onde seguimos pessoas e pessoas nos seguem, onde a função principal é descrever o momento ou passar uma informação interessante em apenas 140 caracteres. O que também não é uma tarefa difícil. “Vou tomar banho e depois sair com os amigos, hoje a noite promete!” 66 caracteres, uma informação ridícula porem com menos da metade de caracteres que a rede social nos permite. O que está em questão é a informação a ser repassada a nossos seguidores. Em janeiro de 2010 chegamos ao pico de 50 milhões de tweets - frases postadas pelos usuários - por dia. E dentre estes 50 milhões de frases o que podemos aproveitar? Acredito que se separarmos as idas ao banheiro, as frases ociosas em frente ao computador e todo o resto de inutilidades, teremos algo mais ou menos parecido a 10 milhões de tweets.
Passar a informação para o mundo com está ferramenta é algo que até uma criança com os conhecimentos básicos de informática consegue fazer. Porem agora teremos que aumentar nosso filtro de informações para o tanto de besteiras que vemos pelo twitter. Em uma pesquisa da revista Info, foi constatado que o número de seguidores vai de acordo com o número de popularidade e o número de popularidade não está ligado ao número de tweets do usuário. As pessoas querem informações que sejam relevantes e não mais um monte de lixo eletrônico.
Há quem diga que twitter é uma ferramenta apenas para pessoas famosas. O número de seguidores conta muito para melhorar o ego. Então se for este o caso, Deus terá que despedir sua equipe de marketing pois o perfil @ocriado tem 514,244 seguidores enquanto @ivetesangalo lidera o ranking do twitter na 1º posição chegando simplesmente a 1.578.670 seguidores.
Então foi dada a pergunta. Qual será o próximo passo para as redes sociais? Mais uma ferramenta que aumenta ainda mais o poder de comunicação com o mundo? Ou mais uma rede social que explora ainda mais a vida das pessoas? Enquanto estiver pensando nisso, me segue ai no twitter - @dogvalerio.

Douglas Valerio
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