terça-feira, 1 de março de 2011

Fecha as alas que o carnaval morreu.

Depois de passar por uma transformação da mídia, o carnaval do século XXI não se parece em nada com as inofensivas festas de rua praticadas pelos foliões de antigamente. O Brasil, que carrega o sobrenome carnaval desde muito tempo, recepciona em suas terras grandes por natureza, o acontecimento mais esperado de um país e que a cada ano chama mais a atenção do mundo.

O carnaval, que antigamente era sinônimo de alegria, festa e marchinhas hoje é associado a bebidas, drogas e acidentes. O que deveria trazer a tona tudo de bom que o brasileiro tem, se tornou a principal preocupação dos pais ao verem seus filhos partindo em viagens e dirigindo em estradas perigosas a caminho de cidades pequenas onde poderão finalmente libertar seu libido e botar a prova sua pseudo imortalidade.

Chiquinha Gonzaga, que ficou nacionalmente conhecida em 1892 através da canção “Abre alas que eu quero passar” tornou da marchinha o hino do carnaval brasileiro. Logo depois vieram os vários intérpretes como Carmem Miranda, Dalva de Oliveira e Silvio Caldas que criavam outras músicas como uma espécie de represália ao governo e que eram tocadas por instrumentistas em meio as ruas do Rio de Janeiro. E toda a folia tinha a participação assídua da família. Hoje, ver pai, mãe, tios e avós no meio de um show da Ivete Sangalo parece mais uma espécie de piada de mal gosto carnavalesca.

Acredito que as alas de nossos carnavais já podem ser fechadas. Da mesma forma que as músicas dos blocos baianos não fazem sentido, parar o crescimento de um país por uma semana também não faz sentido. Não me levem a mal, me simpatizo e muito com a música baiana. Caetano, Carlinhos Brown, Olodum, todos os citados são excelentes exemplos de bandas ou compositores que fizeram do estado baiano um poço de cultura e inspiração. Mas colocar – Toma negona, toma chupeta. Toma negona, na boca e na buchecha. Gugu dada, gugu dada. Se você pedir painho vai te dar...” com “Ó abre alas, Que eu quero passar. Ó abre alas. Que eu quero passar. Eu sou da Lira; Não posso negar” traz a mercê uma diferença mundana entre o carnaval de hoje e o carnaval de antigamente.

Assim como os astros internacionais Justin Bieber, Lady Gaga ou até mesmo os Jonas Brothers que são considerados um claro exemplo de regressão da qualidade musical por terem sido carregados pela mídia. O carnaval não foi diferente. Não sei se a culpa é do brasileiro por aceitar que seu patrimônio cultural tenha sido transformado neste tipo de “fórmula” mastigada ou da mídia que nunca está satisfeita com sua conta bancária. Acho que é melhor baixar a cabeça e assumirmos a culpa.


Douglas Valério
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3 comentários:

  1. Como sempre suas palavras soam de maneira agradável ao nossos ouvidos. Muito bom o Post Douglas e concordo com você, músicas sem sentido e vulgarização das mesmas tornam o carnaval cada ano menos caracterizado. Grande Abraço do Amigo do Acarajé! Quase um Arnaldo Jabor!!!!

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  2. Obrigado meu amigo Baiano. Fico feliz que tenha gostado e principalmente compartilhado de minha ideia. Você principalmente por ser um nativo do estado, entende que minha função não foi falar mal desta parte do Brasil que tanto amo e admiro. Obrigado!

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  3. DOUGLAS, meu jovem...

    O texto e muito profundo e nos faz refletir sobre este importante tema da nossa cultura.

    Comungo com as suas idéias...me lembro quando eu era criança e ia pular carnaval embalado pelas marchinhas, nos clubes com o meu pai, mãe, irmãos, tios e primos, era muito legal...

    Felizmente ainda hoje há cidades que realizam o carnaval como antigamente. Exemplo: Ouro Preto/MG e Olinda/PE...

    Valeu pelo excelente texto.

    Um forte abraço,

    MORAIS7

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